20.2.09

Tamanho 42 Não é Gorda


Um top de linha do sucesso.

Em Tamanho 42 não é gorda, Heather está no fundo do poço - perdeu seu namorado, nenhuma gravadora se interessa por suas músicas, ganhou peso e só entra em roupas tamanho 42, o pai está atrás das grades e a mãe fugiu para Buenos Aires com suas economias - e seu agente! Até que, aos poucos, as coisas parecem que vão se ajustar. Ela consegue um novo emprego como inspetora em uma faculdade de Nova York e está feliz com seu novo manequim. Mesmo sem o glamour e glória dos dias de ídolo teen, tudo parece ter melhorado. Ou será que ela está enganada?

Meg Cabot faz questão absoluta de estar próxima de seus leitores. Para tanto não hesita em escrever romances inteiros sob a forma de e-mails, conversas no Messenger e lembretes, como fez em Garoto Encontra Garota, ou páginas de diário, caso da coleção completa de Diário da Princesa. Deduz-se portanto que ela considera seu público alvo os teens (pode-se traduzir por adolescentes, mas é mais que isso)- de todas as idades. No que deve estar correta, dado o sucesso que faz. Mesmo entre aqueles que não moram em Nova York, não comem chocolates Kit Kat, nem usam preservativos Trojan.
Em Tamanho 42 não É Gorda (tradução de Ana Ban), Exatamente como fez Meg Cabot no período pré-best seller. Curiosamente, neste livro a escritora prefere se ater menos aos meandros psicológicos de uma garota de 28 anos e mais a uma tentativa de criar suspense em torno de estranhas mortes ocorridas no alojamento.
A veia detetivesca de Heather terá seqüência - resultando com certeza em mais uma penca de livros vendidos mundo afora. E, embora a solução do mistério seja óbvia, e o final mais ainda, há um visível esforço para não escorregar em romances fáceis, nem happy ends melados demais.
Claro que o grande trunfo, já que desta vez o formato é do tipo normal - narrativa na primeira pessoa -, é a linguagem 'muderrna', superjovem, up to date como diriam os caretas. Diante da qual deve ter penado a tradutora. Fala sério, esse é o caminho mais curto para anacronizar um livro. Mas Meg Cabot parece se importar pouquíssimo com o futuro de suas obras. Adepta do aqui-agora que pague suas contas, ela escreve na cama, de pijama, pelo que revela a seus fãs, e é surpreendente a quantidade de palavras contidas nessa moça nascida em Indiana e dois anos mais jovem que a princesa Stephanie de Mônaco, com quem compartilha a data de aniversário. Afora a epopéia da princesa Mia, que já rendeu dois filmes, Cabot produz outras tantas séries, dando a impressão de se censurar muito pouco ou de padecer de excesso de auto-estima.
Felizmente para ela o mundo acompanha estas características. O critério do prazer está se distanciando a olhos vistos da coragem na profundidade. E a necessidade louca de estar conectado ao top de linha de tudo faz com que suas histórias em Nova York já tenham em si um atrativo irresistível. Talvez lhe falte ainda o traquejo da surpresa de, por exemplo, sua arqui-rival e contemporânea, a irlandesa Marian Keyes (de Melancia, Férias e outros), ou a imaginação sem fronteiras da recordista J.K. Rowling. Mas Meg Cabot transita em seu universo de garotos e garotas de quinze a trinta anos com a segurança de quem vai se espelhar neles até o final dos tempos. Ou pelo menos até encontrar uma vertente ainda mais sedutora.

(Meg Cabot; Editora: Record)

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