24.3.09

Destemida 3


Destemida 3 - O Tesouro do Castelo do Pantano

Feitiços, fantasmas e um castelo no meio do pântano são os desafios que aguardam Lily Quench nesta história. A heroína e seus amigos poderão até viajar no tempo e no espaço para enfrentar seus arquiinimigos.

(Natalie Jane Prior; Editora: Fundamento)

Leia o primeiro capítulo

O céu sobre a ilha de Skansey estava claro e azul. No alto da Colina do Tempo Bom, acima de seu pomar de macieiras, Lily Quench olhava ansiosamente o horizonte, procurando os sinais de que um dragão se aproximava. Seus amigos, o Rei Leonel e a Rainha Evangelina de Ashby, viriam visitá-la. Lily já tinha varrido sua cabana e preparado um bolo e biscoitos; havia trocado a roupa de cama e ido até o depósito de maçãs, que ficava acima de seu quarto, para escolher os melhores, mais vermelhos e reluzentes frutos da colheita do último outono. Então, ela tinha subido a colina para assistir à chegada de seus visitantes reais. A Rainha Dragão havia prometido que estaria de volta a tempo de pegar a hora do chá da tarde, por isso ela aguardava a chegada deles a qualquer momento.Lily fez umas guirlandas de margaridas e sentou-se na grama alta, olhando tranqüilamente a ilha lá embaixo. Podia ver sua pequena cabana vermelha entre as macieiras, ao pé da colina, a praia na enseada onde a Rainha Dragão gostava de aterrissar e suas ovelhas pastando calmamente na grama verde e macia. Na água, a alguns quilômetros de distância, dava para ver o vulcão onde a Rainha Dragão dormia, em uma caverna debaixo da cratera cheia de lama fervente. NaqueleO olho na gramadia, umas poucas baforadas de fumaça saíam de lá, mas eram tão finas que pareciam nuvens bebês. Lily olhou para o céu, viu uma pequenina forma vermelha destacando-se contra o sol da tarde e pôs-se de pé em um pulo. Se corresse, daria tempo de colocar a chaleira com o chá pronto na mesa antes de suas visitas chegarem.Lily começou a correr colina abaixo, mas havia dado apenas algumas passadas quando seu pé pisou em um tufo de samambaias e sentiu-se escorregando para o nada. Soltando um grito por causa do susto, ela se inclinou para a frente e caiu no chão com um som abafado.– Ôôôô!Lily rolou para o lado e sentou-se. Perto dela, aberto em meio ao tufo de samambaias amassadas, havia o que aparentava ser um buraco de toca de coelho. O estranho era que aquilo parecia um olho com pestanas verdes em volta. Lily engatinhou com cuidado para perto dele e afastou as samambaias. O buraco era, na verdade, muito maior do que ela havia pensado inicialmente, e uma borda de tijolos antigos ainda podia ser vista em alguns lugares, por baixo da lama, como a beirada de acabamento da parte superior de um poço de água. O pé dela havia tocado apenas a borda. Um passo ou dois para a esquerda e ela teria desaparecido completamente.– Que lugar estranho para um poço – Lily olhou em volta procurando algum sinal de ruínas de uma casa ou construção que algum dia pudesse ter utilizado aquilo. Sua cabana tinha o seu próprio poço na porta dos fundos, e ela não imaginava por que alguém iria querer escalar até o topo da colina para pegar água. De repente, um cheiro esquisito saiu pela abertura do poço: um cheiro de algo úmido e frio, como um pântano ou brejo. Lily se encolheu tremendo, como se, subitamente, estivesse sentindo frio.Ela olhou para cima. Como sempre, o céu estava azul. Havia andorinhas e umas poucas nuvens brancas, que pareciam carneirinhos. A distância, ela podia ver suas ovelhas movendo-se lentamente peloscampos. Mas, com toda a certeza, havia uma estranha mudança no ar, como se estivesse prestes a chover.– Que esquisito – uma vez mais Lily examinou os tijolos arruinados. Estava claro que eram muito, muito velhos. Os tijolos eram de um marrom avermelhado e do mesmo estranho formato achatado que tinham aqueles da parte mais antiga do Castelo de Ashby. Lily começou a sentir uma estranha comichão, como o pinicar de alfinetes e agulhas, em seu cotovelo esquerdo. Provavelmente, qualquer outra pessoa teria ignorado isso. Mas Lily era uma Quench, nascida de uma antiga linhagem de matadores de dragões e aventureiros, e a pequena marca de pele escamosa como a de um dragão em seu braço era como um barômetro mágico que a avisava quando um perigo se aproximava.Esquecendo-se de suas visitas, Lily afastou as samambaias em volta da borda do poço e começou a raspar para fora a sujeira de cima dos tijolos. A essa altura, tomou outro susto.O poço tinha pestanas esculpidas em baixo-relevo na pedra.Um caminho em ruínas trilhava a descida da Colina do Tempo Bom, mas desaparecia logo adiante, debaixo da grama. Antigamente, as pessoas deviam usá-lo para chegar ao poço, mas alguma coisa dizia à Lily que elas não vinham em busca de água. Em um impulso, ela inclinou-se sobre a borda e espiou lá dentro. Não conseguia enxergar nada, mas o estranho cheiro de umidade aumentou e tornou-se mais forte até que fez com que os cabelos de sua nuca se arrepiassem. Então, de repente, seu cotovelo começou a pinicar tão forte que doeu.A água estagnada começou a subir pelo poço, ou a própria Lily começou a descer para ir ao encontro dela, não sabia dizer ao certo qual das duas coisas estava acontecendo. Ela sentiu uma lufada de ar frio em sua face e viu um rosto que reconheceu. Estava mais velho do que da última vez que o havia visto na neve e no gelo das Montanhas Negras, e a expressão nele era mais dura, mas não havia dúvida de quem era.O garoto no fundo do poço olhou para cima, e Lily soube que ele também a tinha visto. Ele começou a dizer alguma coisa que ela não conseguiu ouvir e, então, estendeu a mão para ela. Lily também estendeu a dela para ele. Gritou o seu nome, “Gordon!”, e o som foi ecoando poço abaixo. Uma tremenda força de atração tomou-a, como se alguma coisa ou alguém a estivesse pressionando para pular dentro do poço. Lily agarrou-se na borda de tijolos e, então, a magia inexplicavelmente perdeu a intensidade. Gordon abaixou o braço, a força de atração diminuiu, e seu rosto começou a sumir, como se um véu escuro tivesse sido baixado sobre a cena.Lily esforçou-se para alcançá-lo.– Gordon! Volte!– Não, Lily – dessa vez sua voz foi ouvida por Lily claramente. – Eu quero que você venha até mim.Lily caiu para trás, fazendo um barulho surdo no acabamento duro da beirada do poço, e desmaiou.

1 comentários:

Devir on 6 de julho de 2010 às 18:12 disse...

Deixei que minha esposa caísse na tentação da carne, e depois é só arrancar a carne de sua boca, que ela sempre fica furiosa consigo mesma. A pobrezinha logo se sente culpada e faz um monte de promessas. Então, claro, para que eu acredite em suas promessas, cobro um pequeno preço, que ela me deixe em paz, toda as vezes, todas!, que eu precisar e nunca me perguntar por quê.

Por favor, aceite meu convite especial, ao meu espaço, onde mantenho regularmente a distinção entre ficção, mentira e verdade.

Beijos

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