24.2.09

O Mundo é Bárbaro


O Mundo é Barbaro, E o Que Nós Temos a Ver Com Isso

Escolhidas num universo de 500 textos, estas crônicas discutem a ascensão chinesa, a guerra contra o terror, a candidatura de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos e o passado e o futuro do Brasil e da América Latina. Simultaneamente, fazem um raio-x do comportamento do homem contemporâneo.

Saiu na Imprensa:
Zero Hora / Data: 20/8/2008Verissimo olha o mundo CARLOS ANDRÉ MOREIRA

Escritor lança coletânea de crônicas recentes
A raiz da palavra bárbaro vem do grego, e na origem significava “estrangeiro”, “estranho”. Daí virou o “outro” de uma coletividade, o que não segue os mesmos códigos, o que não fala a mesma língua. Adiante ainda, virou o termo para tudo que se opõe ao que se conhece como civilização. E hoje, no vale-tudo da gíria moderna, “bárbaro” é também palavra que exprime aprovação, admiração.
Pois todas as acepções são válidas ao se interpretar o título do novo livro de crônicas de Luis Fernando Verissimo,O Mundo É Bárbaro : E o Que Nós Temos a Ver com Isso. É o primeiro em uma década a compilar suas crônicas mais recentes – embora sua obra esteja sempre em catálogo e tenha mudado de editora três vezes nesse período, o que se tinha era a republicação de crônicas antigas.
Os 69 textos não são inéditos – já saíram em O Globo, Estado de S.Paulo e Zero Hora. Comum a todos, a visão de mundo de Verissimo , permeada de política, ironia, melancolia e perplexidade. O autor discorre sobre política internacional (com uma especial atenção para a China e sua paradoxal economia socialista de mercado), sobre Brasil, economia (e a autista ortodoxia econômica brasileira), sobre União Européia e as migrações dos novos “bárbaros” da globalização. Faz a crônica que não foge do embate do cotidiano, lançando um olhar imediato ao mundo, com a elegância queVerissimo poderia transformar em um segundo sobrenome.
Mesmo com toda a classe, os textos estão, também, sujeitos à polêmica. Ao contrário de suas breves ficções intrigantes, do humor de qualidade e das observações apuradas do cotidiano da classe média contemporânea, terrenos nos quais Verissimo é unanimidade, o olhar político do escritor é passível de discordância. Sua perplexidade diante da modernidade atroz é, mais que saudosismo, quase um apelo por civilidade. Sua conhecida simpatia pelo governo petista às vezes é bem-vinda, dado o consenso furioso que se formou em contrário. Em outros, porém, como ao comentar que os escândalos do governo Lula tende a se proliferar graças ao meio – favorável ao escândalo pelo caldo dos interesses contrariados –, emite uma opinião que parece, embora não seja a intenção, justificar as falcatruas.
Mas tudo isso, claro, aliado à qualidade do texto. Em um bom número de textos,Verissimo , como sempre faz, transcende a crônica de seu imediatismo atrelado à notícia e cria estilo, faz do comentário cotidiano prosa da melhor qualidade. Porque o Verissimo na crônica é um escritor, lembremos. E, justificada ou não, é mais fácil uma falcatrua ser punida no Brasil do que um texto seu não ser lido com prazer.

Sobre o autor:
Luis Fernando Verissimo nasceu em 26 de setembro de 1936 na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, filho do escritor Erico Verissimo e Mafalda Verissimo. Em 1943, convidado a lecionar na Universidade de Berkeley, na Califórnia, Erico Verissimo partiu com Mafalda, Luis Fernando e Clarissa, a filha mais velha, para os Estados Unidos, onde ficaram durante dois anos. Em 1954 a família Verissimo viajou novamente para os Estados Unidos, onde Erico exerceu a função de Presidente do Departamento de Assuntos Culturais da União Pan-Americana, em Washington DC, durante 4 anos. Neste período Luis Fernando iniciou seus estudos de música, aprendendo a tocar saxofone e tornando-se um admirador fervoroso de jazz. Ao Retornar ao Brasil, em 1956, começou a trabalhar na editora Globo de Porto Alegre, no setor de arte e planejamento. Em 1962 transferiu-se para o Rio de Janeiro onde exerceu as atividades de tradutor e redator de publicações comerciais. Casou-se com a carioca Lúcia Helena Massa, sua colega de trabalho na redação do Boletim da Câmara de Comércio do Rio de Janeiro, com quem teve três filhos - Fernanda, Mariana e Pedro. De volta a Porto Alegre em 1967, Luis Fernando começou a trabalhar como copy-desk do jornal Zero Hora e como redator de publicidade. Em pouco tempo já mantinha uma coluna diá-ria assinada, tornando-se conhecido por suas crônicas de humor, seus comentários políticos e esportivos e uma série de cartuns e histórias em quadrinhos. Seu primeiro livro, O Popular, coletânea de crônicas e cartuns, foi publicado em 1973. Atualmente, o autor escreve semanalmente para os jornais Zero Hora e O Estado de São Paulo, e diariamente para o Jornal do Brasil, além de contribuir para inúmeras revistas e escrever também para a TV Globo. Zero Hora, O Estado de São Paulo e Jornal do Brasil também publicam, diariamente, sua tira de quadrinhos As Cobras. Em 1995, o autor comemorou a centésima edição do livro O Analista de Bagé, que já vendeu mais de 500 mil exemplares desde seu lançamento em 1981. A vendagem do conjunto da obra do autor já ultrapassou a marca de 1 milhão de exemplares. Seu único romance, O Jardim do Diabo, foi traduzido para o alemão e o espanhol, e algumas de suas crônicas foram publicadas nos Estados Unidos e na França em coletâneas de autores brasileiros. Luis Fernando Verissimo também é colaborador do jornal português O Público. Além de muitas vezes premiado pela Editora Abril como melhor cronista de humor do país, Verissimo também recebeu, por seus comentários políticos e sociais, vários prêmios humanitários concedidos por organizações dedicadas aos direitos humanos (entre eles, recentemente, a Medalha Chico Mendes, oferecida pelo grupo Tortura Nunca Mais). Em 1995, o programa da TV Globo Comédias da Vida Privada, baseado em seu trabalho, recebeu o prêmio da crítica de melhor programa da TV brasileira.

(Luis Fernando Veríssimo; Editora: Objetiva)

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